Resenha do Filme: Uma Longa Queda




Uma Longa Queda


Para se deliciar com esta comédia dramática é preciso ter um pouco de sarcasmo e ironia, do contrário pode parecer uma piada de mau gosto. Afinal a cena inicial parece no mínimo inusitada se não soasse absurda, quatro pessoas na noite do ano disputando um local na cobertura de um prédio a fim de tentarem tirar suas próprias vidas.

Dali surge ao acaso daquela situação dramática que soa patética, um pacto, no dia dos namorados eles irão se reunir novamente naquele mesmo local. Você passa o filme todo ansiando se eles irão sorrir em volta ao terraço comemorando pelos motivos que estão vivos ou se irão acabar os quatro se esborrachados no chão. O que eles talvez não esperassem que um apresentador recém escandalizado pela mídia pelos seus deslizes pessoais, a filha de um politico com problemas emocionais decorrentes do desaparecimento de sua irmã, uma mãe a beira de um ataque de nervos e um adulto que ainda não descobriu o seu sentido da vida. Acabam por ganhar a mídia, a atenção das pessoas e da mídia, Fiquei me questionando se isso posto para a vida real, não iria por gerar uma epidemia de suicidas ou se iriamos começar a refletir sobre o sentido de nossas vidas.
Mas não se debruce assistir esperando grandes explicações psicológicas a respeito dos motivos que levam as pessoas a pensarem a se matar, mas sim mais um tom de comédia alguns toques de drama. Como se trata de um filme que foi adaptado de uma obra literária, o tempo fica curto para que a gente possa acompanhar as reviravoltas da história e muitas vezes acabamos por ficar perdidos. O sucesso do quarteto na mídia, a tentativa das férias para se afastar um pouco dos holofotes e a forma como cada um é afetado por aquelas amizades passa muito rápido aos olhos de nós telespectadores. Por isso , recomendo que leia o livro antes de assistir ao filme, para como todo sempre o dito é verdadeiro que o livro é melhor que a película. Já que os detalhes, os sentimentos e pormenores acabam por ficar mais nítidos e quase palpáveis quando lemos. O que é mais legal de ser observado é o contraste entre os personagens, uma dona de casa recatada e conservadora passa a conviver com uma adolescente revoltada e repleta de vida, o cara que pouco sabe o que fazer com a vida se depara c om a porção de erros de um cara bem sucedido. Com isso , acredito que cada um vai criando uma lista mental dos porquês que devem viver, afinal por algum motivo aquele encontro no terraço seria a chance para mudarem ou não os seus destinos.

O filme todo tem uma onde autoajuda, com alguns elementos místicos mesmo que não se atreva a falar de nenhuma religião. Mas cada um deles acaba por acreditar nos motivos que os levaram a não cometer suicídio. Seja por acaso, seja um golpe do destino, seja por uma luz, um anjo entre outros. Mas fica a dica para a gente repensar se é preciso chegar ao extremo para encontrar o sentido da vida. Como um dos personagens afirmar ao longo da trama que o motivo pelo qual gostaria de cometer suicídio é simplesmente o fato de não ter sentido. De não encontrar sentido, de sentir vazio o tempo todo e achar que tem sentido no que vive e faz. Talvez seja este o grande mal do nosso século, estamos rodeado por tecnologias, temos solução imediata para quase tudo, mas nos sentimos vazios. Acredito sim que talvez este seja um dos piores e mais nobres desafios o de fazer sentido, se tornar um sentido e se submeter a um sentido.




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