Crônica: Malévola


Estava assistindo novamente o filme Malévola, mas não tinha escrito sobre ele. Acredito que uma das mais belas formas de ensinar as crianças seja através das histórias que mostramos a elas. Sejam as que lemos para elas ao dormir, sejam os desenhos animados entre outros. Com isso a criança além de ir criando seus gostos próprios, vai também moldando a sua personalidade, o mais importante vamos ensinando valores.

Conseguir passar através de um desenho que todos nós temos um lado bom e um lado mal, nem por isso somos totalmente bons ou totalmente maus. Tudo depende de aceitarmos todos os nossos lados. O que geralmente costumamos fazer é apenas aceitar o nosso quinhão bom, tentar de toda forma esquecer as nossas imperfeições a fim de apenas mostrar o nosso lado saudável. Mas temos ciúmes, invejas, segredos e até mesmo coisas pelas quais nos arrependemos e nem por isso somos inteiramente maus. Na maioria das história infantis, a bruxa aparece apenas como a parte má da história, a que surge para atrapalhar o destino da princesa e colocar um pouco de aventura e emoção na história. Mas, parece que esquecemos de nos questionar os porquês detrás das maldades, o que a fez se tornar assim uma criatura tão assustadora e tão repleta de mágoas?



Malévola, era uma menina adorável vivendo em seu mundo encantando. Tudo ao seu redor era mágico, colorido e repleto de vida. Até que ela se apaixonou pelo príncipe do reino detrás da colina, o seu coração foi inundado do mais puro amor e diversos sentimentos bons começaram a brotar daquela relação. Até que um dia, o grande amor da sua vida, corta as suas asas, sua liberdade, deixando seu mundo colorido em tons de cinzas. Fora a liberdade tirada, seu coração se enche de maus sentimentos e o reino todo se transforma em um lugar cercado por uma fortaleza de espinhos. Ou seja, havia um motivo concreto para que ela colocasse o feitiço na princesa Autora, filha de seu antigo amor. Ela estava tomada por sentimentos ruins, não que isso justificasse os seus atos ruins. De certa forma, continuo a acreditar que sempre que agimos de forma inadequada, somos inundados por impulsos que nos levam a cometer atos injustos.Talvez seja presunção minha dizer que estamos "cegos" na hora que cometemos falhas que muitas vezes podem se tornar irreversíveis. Sei que pode ser interpretado como sendo boba a minha visão de ainda crer que cada um de nós tem um quinhão bom, mas prefiro acreditar que tos nós somos bons, mesmo que tenha gente que insista em acreditar que tenha pessoas que simplesmente nasçam más.Prefiro acreditar que assim como o filme nos mostra, para toda a maldade do mundo, há uma história por trás que sustenta todo o resto.

O que Malévola não esperava era que aquela princesa iria despertar todo o seu lado maternal e acionar novamente os seus bons sentimentos. O seu coração antes inundado por inveja, ressentimentos e mágoas, agora parece ter encontrado uma nova forma de enxergar o mundo ao seu redor. Autora acabou por achar que ela era sua fada madrinha, que a ajudaria e com certeza a salvaria de muitas coisas. Mas como todo conto de fadas, assim como na vida real. Uma hora ou outra, a gente acaba por conhecer a história das pessoas. Acabamos por descobrir o que está por trás dos atos de bondades, quais os segredos ocultos e o porquê de tanta bondade. Mas a resposta que muitos de nós não espera é o que o amor é resposta para a maioria de nosso conflitos. Não o amor romântico, como a maioria dos desenhos insistem em mostrar,mas que felizmente estão mudando de conceito ao longo dos novos curtas metragens. Neste longa, o amor da bruxa, o amor real e genuíno por Aurora ao longo de toda sua existência, pudesse lhe salvar do sono eterno. O beijo não é dado pelo príncipe e sim pela bruxa má. Assim, a gente enxerga o lado por de trás da história.


Uma forma delicado ao mesmo tempo real de mostrar as crianças que ser humano é ter os dois lados. Somos seres amorosos, compassivos e caridosos, dependendo das circunstâncias podemos ser levados à inveja, pensamentos maldosos e atitudes não muito virtuosas. Nem por isso somos inteiramente maus ou inteiramos bons, somos seres humanos, errar e nos inundarmos de imperfeições faz parte. Não devemos julgar as pessoas apenas pelos seus atos e nem pela sua casca, sim entender a sua história é fundamental. Por isso acredito que este é com certeza um dos melhores filmes infantis nos últimos tempos, por conseguir ilustrar a complexidade do emaranhado de sentimentos que somos e a forma como isso repercute em nosso caráter.

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