Crônica: Saía da Sua Zona de Conforto, Antes que Ela expulse Você

A gente acaba por colecionar minhocas, mas não usa isso para pescar ideias. A gente esquece que talvez a boa política de agradar ser agradável, seja ser sincero com o outro. Parar de dar desculpas vazias para convites, afinal o fato de você não pode sair porque precisa molhar as plantas, levar o cachorro para sair etc . São tudo apenas desculpas, na realidade deveríamos ser mais honestos em poder dizer não para as pessoas, dizer doa a quem doer que de fato não queremos.

Por que é tão complicado a gente dizer a verdade? De onde vem toda esta cultura de que não podemos desagradar os outros? De onde vem toda esta angústia em sempre ser o mais afável possível? Não, não tenho que molhar as plantas, não eu não vou viajar, não não minha agenda não está lotada, não não tenho que ficar com meus cachorros. Talvez esteja numa fase de ficar eu e eu mesmo, talvez queira ficar um pouco só ou talvez não esteja a fim de sair. Quem sabe se a gente começasse a expor o que de fato ocorre dentro do nosso mundo interno a gente não formasse pontes ao invés de muros com as pessoas. Se ao invés de sofrer pelo da rejeição, a gente praticasse a competência de sermos francos não só com o outro que aguarda uma resposta, mas principalmente com a gente mesmo. Afinal o pior tipo de mentira é aquela que a gente conta para gente mesmo, de repente a gente já contou tantas vezes essa mesma mentira , que a gente acaba por acreditar em nossas próprias mentiras. Não tem nada de absurdo ou surreal rejeitar convites, não querer sair, nem sempre tem haver com o outro ali na nossa frente, as vezes simplesmente estamos numa fase mais nossa, mais para dentro e menos expositiva.

O que acho um pouco menos saudável é quando as desculpas sempre se repetem e os motivos para não sairmos de nossas zonas de conforto acabam por criar muros intransponíveis. Afinal se a gente fica criado sempre um preceito para não sacudir a ´poeira, enxergar novas perspectivas. Cuidado para ficar imerso numa zona de conforto permanente, cuidando para não colecionar mágoas, cuidado para não afundar sem boias. Cuidado para não se acostumando ao ócio, ao óbvio e principalmente com a rotina. Cuidado para não remar em um barco a motor. Cuidado também para não te afastar das coisas que te fazem bem, te colorem, te deixam com o sorriso bobo e te arrepiam os pelos da nuca. Muito fácil a gente ir construindo o nosso castelos, colocando nossas fortalezas, vamos nos gradeando, alimentando nosso medos. Afinal o que alimenta os nossos monstros, o que dá mais energia para as nossas ansiedades não é o mundo externo, o olhar do outro e nem o que se passa na TV, sim o que se passa na gente. A forma como vemos o mundo depende das cores e das perspectivas que vamos dando ao nosso interno. Muitas vezes os monstros grandes de olhos vermelhos, garras, é apenas um gatinho.

Então pense na sua zona de conforto. Repense suas gavetas, sacuda a poeira por de trás das desculpas e o principal pense que primeiro a mudança é interna. Quando a gente muda, o mudo muda com a gente. Você verá que com o tempo o mundo de cor, troca de forma, dança em outro ritmo e principalmente dá voltas.

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