Crônica: Lua


Sempre morei em apartamento, ficando complicada de realizar o meu sonho de ter um bichinho. Ainda bem que tenho a sorte da minha avó materna morar duas quadras da minha casa. Desde muito pequena, pude conviver com os animais. Tenho verdadeira paixão pelos animais, acredito que dentro de cada um deles tem uma alma, um pedaço da gente e cada um deles acaba por sincronizar e emparelhar os sentimentos de seus donos e das pessoas que convivem.


Afinal, há quase quatro anos, perdi uma das minhas melhores amigas, Maggie. Uma poodle Toy de porte médio, gorducha, leal e companheira até seus últimos dias. A pessoa preferida de sua vida era meu avô, em todos os lugares por onde ele ia, ela ia atrás. após o a almoço, vinha a soneca, meu avô na cama, ela embaixo da cama, roncavam até da mesma forma. Ele não precisava gritar com ela para obedecesse, ela sabia a hora que tinha de ir para a garagem dormir, quando era a hora de comer e quando era convida para subir no sofá. O meu convívio com ela foi intensa, posso dizer que ela não era apenas uma cachorra, tinha algo de mágico dentro dela. Afinal ela sabia quando estávamos com medo, quando nos sentíamos tristes ou apreensivos.

A medida que meu avô foi envelhecendo, foi ficando esquecido e não demorou muito para que as idas ao hospital se tornassem constantes. Todas as vezes que meu avô ficou internando, a Maggie adoecia junto. Pouco comia mal saía de casa, arrastava com as patinhas como se estivesse deprimida e ficava de prontidão na porta esperando que sua pessoa preferida retomasse. Todas as voltas do hospital, parecia que os dois se recuperavam juntos, até o humor e a forma como voltavam a vida parecia sincronizada. Com o tempo, meu avô foi morar junto com a estrelas, durante seis longos meses sua companheira ficou ali no portão esperando a sua volta. Ela perdeu o colorido, começou a ficar apática, pouco comia, pouco tomava água e sentíamos que quando seu dono partiu, algo dentro dela se quebrou para sempre.


Mas, ela tinha uma filha chamada Lua. Esta menor, mais esbelta e muito serelepe. Com temperamento forte, além de ser companheira de suas pessoas preferidas, também as defendia tentando morder. Porém, o seu jeito doce contracenava com seu temperamento explosivo. Com certeza, posso dizer fui uma das suas pessoas preferidas. Mas a sua pessoa preferida sempre foi a minha avó, impressionante que todas as vezes que ela andou sem bengala, os olhos atentos de Lua ficavam ali fitados. Esperava ansiosamente minha avó voltar para a casa, sentava em seu colo esperando que a afagasse e dormir lado a lado. Comigo caminhávamos, na rua, ela nem precisava de coleira, sabia exatamente por onde ir. Sempre me acompanhou quando fui ao banheiro, deitava em meu colo com os olhos fitos em mim ansiando por carinho, quando não tinha o que queria pedida atenção com suas pequenas patinhas.


Complicado isso de dizer adeus. Complicado deixar que as "pessoas" preferidas partam para morar nas estrelas, sejam elas caninas, humanas, felinas ou do tipo que for. Acredito que uma das partes mais complicadas da visa seja a gente fechar as portas, dizer adeus e principalmente pedir que o outro parta sem sofrer. No dia anterior da Lua partir, a levei na veterinária esperando por uma boa notícia, mesmo sabendo esta não viria. Sabia que era hora de conversas , sim converso com os animais. Sei que ela me amou tanto quanto a amei. Sei também que ela me entendia tanto quando eu a entendia. Falei para ela, partir na hora que desejase, que por mais que estivesse doendo muito, não queria vê-la sofrer. Em menos de vinte quatro horas, ela foi embora, deixando um enorme vazio. Acredito mesmo que os animais seja anjos de quatro patas que nos visitam para nos torarmos pessoas melhores. Afinal, aprendi muito mais com eles do que os humanos sobre: empatia, lealdade, agradar sem pedir nada em trocar, ficar por perto, companheirismo e amor.



Por fim assim como as 'pessoas" de quatro patas, passam temporadas em nossas vidas. Devemos ter consciência da sua partida, desta forma, saber saborear cada momento. Afinal em cada despedida, em cada partida, eles levam algo da gente, assim como, algo da gente fica com eles. Nessa troca de sentimentos histórias, momentos forma uma ponte com a eternidade.

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