Crônica: Ponto Cego





Nosso ponto final continua ainda sendo o meu ponto cego. Nossos encontros e desencontros são o meu ponto fraco. Nossa história ainda colore a minha alma, às vezes em tons de cinza, de certa forma, sempre com cores bonitas.

Admito que ainda acordo achando todos os dias tudo um pouco desigual. Aqui continuo transbordando de sentimentos não sentidos, cartas não enviadas, palavras ditas em silêncio e nostalgias. Ainda levo você em minhas orações, confesso que ainda te mantenho como um ponto fraco, um ponto cego, um beco sem saída e um botão de emergência. Como se o que ainda restou de você, me fizesse ter uma certeza de que tudo por aqui pode desabar, mas ainda terei um lugar para ir.

Nem o tempo que passou. Nem os outros que amamos e fomos encontrando no caminho. Nem a distância construída. Nem a saudade que virou monumento. Nem as ausências que teceram lonjuras. Há sempre uma porta aberta, uma janela a espreita, uma linha sobrando em meus versos, um pensamento revirando o passado, uma expectativa em ter noticias que ainda nos mantém conectados. Confesso que ainda mantenho as vírgulas por aqui, assim como espano um pouco os sentimentos ruins a fim de preservar apenas o que restou de bom.

Por mais que tentei de forma titânica retirar o que restou de você, nem todas as tentativas hercúleas conseguem driblar as memorias. Preferi, construir espaços para você. Caso queira visitar a minha alma, peço que primeiro me diga ao que veio. Se vier tomar apenas um café, ou estender a prosa, compartilhar novidades ou quem sabe a vida. Diga-me o que veio fazer aqui, já que para revirar novamente as minhas gavetas, primeiro despe a minha alma. Colore as nuances agora acinzentadas pela sua ausência.

Encontre as chaves perdidas após sua partida. Se quiser venha, mas chegue logo, minha alma agora se encontra abatida pelo tempo. Meu coração, amarelado de saudade. Meus pensamentos em tons alaranjados de ansiedades. Venha, mas permaneça, cansei dessas suas idas e vindas que só engordam meu espirito e confundem a minha mente.

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