Aproprio-me das
frases de uma das minhas bandas prediletas desde 1999, Bidê ou Balde. Do seu CD
intitulado Outubro ou Nada de 2002 há
uma música chamada Dulci. Nela nos diz que sem proteínas e um uns bons hematomas
nenhum ser humano consegue viver.
Qual o nome da
saudade? Qual o nome do seu destino? Quais são as cores do seu cotidiano?
Sem alguns corações partidos, sem alguns joelhos ralados, sem algumas
noites mal dormidas. Sem algumas pessoas, sem alguns desamores, sem algumas
canções, sem alguns livros, ouso dizer que nenhum ser humano consegue viver.
Sem uma boa dose de
cafeína. Sem um imenso conjunto de aleatórios. Sem o amor dos nossos ancestrais.
Sem algumas crenças e valores pra usar como munição nos momentos de confusão.
Sem alguns amores platônicos. Sem alguns pés na bunda. Sem alguns puxões de
orelhas e de tapete. Sem algumas expectativas
frustradas. Sem algumas frases de efeito. Sem algumas pitadas de autoajuda,
nenhum ser humano se torna quem é e nem suporta o tédio que consome a rotina.
Sem uma dose de afeto
com pitadas de açúcar. Sem um beijo roubado. Sem umas boas doses de
impulsividade uma vez ou outra. Sem um amor de velhas rugas. Sem dançar mesmo sem
música. Sem pudor ou vergonha de dar
vazão a alguns sentimentos. Sem poder declarar guerra a algumas atrocidades. Sem
poder expressar a opinião mesmo que seja contrário a da multidão. Sem cicatriz,
sem dor, sem mágoa, sem reviravoltas, sem incerteza é uma vida chata, monótona e
não pertence a nenhum ser humano.
Ser humano que se
preze em exercer a sua condição de humano. Erra, tropeça, chora, se descabela,
muda de ideia, usa artifícios contra a
dor e a solidão. Ser humano que se preze tem o coração remandado por tantos
curativos que poderia até pensar em deixar de amar, mas há sempre uma vontade
de perdoar, de fazer acontecer de novo uma velha ou nova, requentada historia
de amor. Ser humano que se preze sabe
que é feito de ossos, proteínas, sais minerais, mas que o verdadeiro tecido que
rege tudo isso é os seus sentimentos. Estes dão o combustível para tecer
relacionamentos e este sim mudarão as cores do cotidiano, as fazendo mais
intensas, por vezes nebulosas, mas um ser
humano que se preze exercita a capacidade sublime de possuir ternura,
afeto e empatia pelo outro.
Então pergunto você
já exerceu a sua humanidade hoje? Por onde anda o seu ser humano? Será que no
meio de tantos mecanismos de defesa a fim de se blindar de sentir a um coração
pulsante? Enquanto houverem mãos estendidas e uma enorme vontade de criar
pontes em torno do outro ao invés de
muro qualquer ser humano terá a
oportunidade de perpetuar a espécie.
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