Versão da Música no Recreio

No meio da sala estar 




Quer saber? Quando te olhei no meio da sala de estar?
Me devorando com seus densos olhos verdes
Tentei me apoiar no que restava da minha sanidade
Acreditei por um segundo que você derreteu todo o frio daquela quarta-feira gris
E eu soube que algo  está se partindo,  o nosso amor estava surgindo
E eu que  já não sabia o caminho, descobri que as chaves estavam o tempo todo com você
E pode ser que os pés que irão guiar o nosso caminho, vão terminar juntos.
Por acaso, sorte ou destino,  vão terminar juntos, isso eu sei
Eu só queria estar só, mas aí veio alguém como você
E toda minha vida achei que alguém  como  você não há de ter
Na hora que te conheci, no meio da sala de estar, quis mudar de lugar
Eu quero estar no seu lugar, quero ser o seu lugar
Quero morar na curva do seu sorriso mais perfeito que se forma sorrindo ao encontro do meu
De cada dia para te receber,   gostaria de ser a sua garota preferida
Na cor da palheta que você escolher, só para mais uma canção criar
Só para deixar o som alto o suficiente para encobrir nossos suspiros  ao pé do ouvido
Quando é que eu ia sacar
Que a solidão que estava no meu caminho
Era apenas a ausência da sua essência
E quando você não estava comigo, os dias eram apenas tempestade 
E quer saber quando te olhei no meio da sala de estar?
Me devorando com seus densos olhos verdes
Soube de alguma forma que esperei  por este instante de adrenalina toda existência
 E agora é só porque você está comigo
Só é possível pensar ser ao teu lado
Deita aqui  e vem ser comigo, o que você quiser
Prometo não te perguntar nada, quero aceitar incondicionalmente, cada parte sua
Só assim será possível te amar
Seus sorrisos  se espalhou pela cidade, comecei a te ver em todos os lugares
E meu mundo se abriu através do seu olhar, fez acender  o inverno que aqui dentro se estendia
Vem me guiando, meu corpo  que é a sua praia
Fonte de desejo, suave, insano é macio
Você me pergunta qual a minha cor preferida, respondo, a cor dos seus olhos ao pousar nos meus
Que cor será que o mundo terá quando restar apenas nós dois?
Quem som melhor há de ter do que a nossa risada rindo junta?
Vem e me ensinar a ser
Me ensinar  a ser calmaria
Na minha alma agora tatuo o teu nome
Você é a vista que meus olhos querem ter
Sem mais precisar procurar, quero apenas descansar na paz do teu sorriso
Quero poder acreditar que vou gastar desse modo a vida
Apenas suor, adrenalina e a tua mente criativa
Vou fazer do meu coração o teu lar
E agora não me adianta mais tantos móveis, discos ou livros
Apenas a sua presença é suficiente para acender o meu dia
Antes de você estar comigo, não sabia o que era amar
Escute, os sinos estão  tocando, posso ouvir eles dobrando,  só pode ser amor
Quer saber quando te olhei no meio da sala estar?
Queria me afogar nos seus olhos verdes, sem pedir por resgate
Pois sabia que estava salva 

Quando nos desapaixonamos, nos libertamos



Quando nos desapaixonamos, nos libertamos




Tanto o ato de se apaixonar quanto se desapaixonar é terapêutico.  O ato de começar um relacionamento e também o de terminar  pode ser benéfico. Não quero dizer com isso que todo amor tem o seu fim, as vezes ele se transforma em algo melhor, outras vezes ele vai definhando até  restar apenas boas lembranças.

Nos apaixonamos e torcemos que dê certo. Passamos por fases boas e nem tão boas. E aí pode ser que o com o tempo falte tempero, as coisas vão ficando mornas e aos poucos parece que perdemos o interesse. Quando me desapaixonei por você , me apaixonei por mim mesma. Passei tanto tempo vivendo a sua vida, os seus horários, os seus sonhos, as suas idealizações que fui me deixando de lado.

Foram meses tentando encontrar uma forma de por um ponto final. Toda vez que o nosso amor morria, o ressuscitava, corria atrás, tentava colar as  partes, aparar as arestas e por muito tempo tentei me tornar aquilo que você achava que eu era. Só que viver pelas expectativas e desejos do outro é algo delicado, complicado que mais cedo ou mais tarde está propenso  a ter um desfecho.

A medida que comecei a sair de casa, passei a notar o mundo com os meus olhos e passar a explorá-lo através da minha percepção. Sem  as suas recriminações, seus preconceitos,  suas explicações  e seus discursos enlatados a respeito de quase tudo. Ao seu lado o mundo era monocromático,  um dia igual ao outro.  Achei por um tempo que após a sua partida, iria sentir falta daquela calmaria e perguntei se sentiria falta da rotina, mas estava apaixonada demais por me encontrar de novo, desfrutar de uma liberdade imune de frescuras. Foi quando o meu espirito agora mais inteiro e menos dependente de um amor que sugava ao invés de somar, pode esbarrar em outras almas e comecei a sentir vontade de desembarcar o coração em outro porto.

O nosso amor morreu por idealizações, expectativas frustradas, noites mornas, tédio. Permanecer tempo demais  em uma zona de conforto que trazia apenas a sensação de que ali não oferecia perigo, mas também não oferecia desafios.

Desde que o nosso amor morreu tenho sido dona do meu nariz. Desde que o nosso amor morreu cortei o meu cabelo, emagreci a  alma, assumi meus desalinhos e tenho dormido em paz. Minha enxaqueca me abandou,  a causa era você. Parte da minha insônia, do meu cansaço extremo e do meu humor deprimido. O amor morre por tentativas frustradas de tentar salvar algo que já partiu há tanto tempo.

Por falta de coragem, mantive você por perto, até que um dia resolvi mudar. Peguei a minha mala abarrotada de memórias, lhe desejei apenas o melhor, mas que fosse feliz longe da minha bagunça. Se o  meu jeito artista, um tanto boêmio, desafinado não combinava com a  sua mania de perfeição, sinto muito. A sua inveja e o seu hábito de competir até mesmo com quem está ao seu lado, só vai lhe trazer mais solidão e desapontamentos.


Quando o nosso amor morreu, comecei de fato a viver. Fiz um sepultamento, vivenciei um luto, mas  degustado de uma sensação de libertação absurda. Quando nos libertamos de amores dependentes que nos amarram e nos prendem em uma zona de conforto quase claustrofóbica, o ponto final é necessário,  quase vital.  Nada pode ser mais delicioso do que deixar morrer um amor que nem era amor, era  apenas abuso.

Crônica: O amor

O amor Acaba



O amor acaba sem fazer alarde em uma tarde morna de domingo. O amor acaba sem que os dois percebam. Mas será o fim ele é inevitável?

O amor acaba numa esquina que parecia outro dia tão florida. O amor acaba por vontades que passam e somem como num passe de mágica. O amor acaba  quando deixamos de  respeitar os nossos instintos. O amor acaba por silêncios e também por frases em excesso. O amor acaba pela falta de lonjuras e loucuras não cometidas em uma tarde gris de quarta feira. O amor acaba pelo excesso ou pela falta. O amor acaba pela posse ou pelo descaso. O amor acaba pelas vontades turistas que deixaram de surgir.


O amor acaba por ciúmes e também por indiferença. O amor acaba por falta de cuidado e também por excesso de zelo.  O amor acaba sem fazer ruídos ou anúncios. O amor acaba por inveja e também por competição. O amor acaba por si mesmo e pelos outros. O amor acaba por paixão e também pelo próprio amor. O amor acaba quando se faz nó sem deixar nascer o  laço. O amor acaba por mentiras sinceras e também por omissões demais. O amor  acaba  e pode se transformar em amizade. O amor acaba quando outro sentimento está sendo posto na mesa e também quando não há nenhum  outro.

O amor acaba por encantamentos e também por desencantamentos. O amor acaba virando a equina e pode nos pegar de surpresa,  mas também o amor pode ter terminado e ainda achamos que ele está ali. O amor acaba mesmo quando parece ainda estar ali e a gente insististe em guardar o outro dentro da gente mesmo que ele já tenha partido. O amor acaba por tantos motivos e também por motivo algum. O amor acaba no meio da trilha sonora que um dia embalava valsas no meio da sala de jantar de uma sexta- feira qualquer.  O amor acaba por ausências e também por distâncias tecidas com a presença do outro. O amor acaba pela solidão compartilhada e também pela invasão desmedida ao mundo do outro.


O amor acaba por mentes diferentes e também por  gostos em comum. O amor acaba por desgosto e as vezes por gosto. O amor acaba por telefonema onde o que não é dito faz mais barulho do que as palavras entrecortadas tímidas de coragem. O amor acaba por reticências, vírgulas e muitas vezes por falta de interpretação de texto. O amor acaba nas entrelinhas, nos olhares furtivos, no que não se revela, nas omissões, nas traições e nos pequenos deslizes. O amor acaba muitas vezes sem destino, sem deixar as malas prontas e nos deixa com o pé no abismo e a alma remendada. O amor acaba por sonhos sonhados juntos e executados sozinhos. O amor acaba por  ritmos diferentes  e cores que não combinam. O amor acaba por almas que se desencontraram e acabaram dançando sozinhas.


O amor acaba isso é fato consumado, agora  se o desfecho será  passageiro ou turista tempo se encarrega. Depende das vontades, dos instintos, dos desejos mais insanos que podem fazer a gente correr feito trem bala ao encontro daquela pessoa ou algo nos repele de tal forma que daqui a pouco o nosso coração embarca em outra estação.