Crônica: O amor

O amor Acaba



O amor acaba sem fazer alarde em uma tarde morna de domingo. O amor acaba sem que os dois percebam. Mas será o fim ele é inevitável?

O amor acaba numa esquina que parecia outro dia tão florida. O amor acaba por vontades que passam e somem como num passe de mágica. O amor acaba  quando deixamos de  respeitar os nossos instintos. O amor acaba por silêncios e também por frases em excesso. O amor acaba pela falta de lonjuras e loucuras não cometidas em uma tarde gris de quarta feira. O amor acaba pelo excesso ou pela falta. O amor acaba pela posse ou pelo descaso. O amor acaba pelas vontades turistas que deixaram de surgir.


O amor acaba por ciúmes e também por indiferença. O amor acaba por falta de cuidado e também por excesso de zelo.  O amor acaba sem fazer ruídos ou anúncios. O amor acaba por inveja e também por competição. O amor acaba por si mesmo e pelos outros. O amor acaba por paixão e também pelo próprio amor. O amor acaba quando se faz nó sem deixar nascer o  laço. O amor acaba por mentiras sinceras e também por omissões demais. O amor  acaba  e pode se transformar em amizade. O amor acaba quando outro sentimento está sendo posto na mesa e também quando não há nenhum  outro.

O amor acaba por encantamentos e também por desencantamentos. O amor acaba virando a equina e pode nos pegar de surpresa,  mas também o amor pode ter terminado e ainda achamos que ele está ali. O amor acaba mesmo quando parece ainda estar ali e a gente insististe em guardar o outro dentro da gente mesmo que ele já tenha partido. O amor acaba por tantos motivos e também por motivo algum. O amor acaba no meio da trilha sonora que um dia embalava valsas no meio da sala de jantar de uma sexta- feira qualquer.  O amor acaba por ausências e também por distâncias tecidas com a presença do outro. O amor acaba pela solidão compartilhada e também pela invasão desmedida ao mundo do outro.


O amor acaba por mentes diferentes e também por  gostos em comum. O amor acaba por desgosto e as vezes por gosto. O amor acaba por telefonema onde o que não é dito faz mais barulho do que as palavras entrecortadas tímidas de coragem. O amor acaba por reticências, vírgulas e muitas vezes por falta de interpretação de texto. O amor acaba nas entrelinhas, nos olhares furtivos, no que não se revela, nas omissões, nas traições e nos pequenos deslizes. O amor acaba muitas vezes sem destino, sem deixar as malas prontas e nos deixa com o pé no abismo e a alma remendada. O amor acaba por sonhos sonhados juntos e executados sozinhos. O amor acaba por  ritmos diferentes  e cores que não combinam. O amor acaba por almas que se desencontraram e acabaram dançando sozinhas.


O amor acaba isso é fato consumado, agora  se o desfecho será  passageiro ou turista tempo se encarrega. Depende das vontades, dos instintos, dos desejos mais insanos que podem fazer a gente correr feito trem bala ao encontro daquela pessoa ou algo nos repele de tal forma que daqui a pouco o nosso coração embarca em outra estação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário