Diários de Bluu: É preciso aprender ir para reconstruir

É preciso aprender  ir para reconstruir
 



Saudade é algo que nos visita sem hora marcada. Podemos estar no cinema, rodeados por amigos, em qualquer lugar e de repente lá está ela. Uma tristeza que passa a ser bem-vinda. Quando nos damos conta estamos afundando sem estar em pleno alto-mar.

Por que sentimos saudade? No meu caso eu joguei as chaves fora. Fui embora. Dei a última cartada. Desapareci. Fechei a conta. Para depois de algumas semanas estar tomada por uma saudade insana. Daquelas que fazem a gente chorar até na parada de ônibus. Chorei por ele em todos os cantos da cidade. Até as músicas do supermercado faziam lembrar a nossa história.  Nestes momentos parece que o meu cérebro deu um jeito de apagar todos os deslizes e apenas remontar as partes bonitas. Como se tudo aquilo que nos afastou fosse pequeno e totalmente irrelevante.  Foi assim que cometi um dos piores erros de quem se separa. Sabia que tinha um relacionamento ruim. Mas queria me agarrar nas partes boas como boias de salvação.

Oito frustrantes tentativas. Encontros e desencontros. Idas e vindas. Fazer as pazes para cinco minutos depois jogar tudo de volta na cara.  Por que damos novas chances?    Simples achamos que perdoar é algo divino. Que se um relacionamento que passa por tantas turbulências, intervalos e insanidades é sinal que vai durar. Pare. Se eu tivesse  mais amor próprio teria ido embora na primeira recaída. Posso dizer que tem partes boas, mas a solidão, o que fica depois e as novas cicatrizes são muitos piores.  Mas não se desespere. A maioria de nós irá ter recaídas. 

  Superar alguém é parecido como  parar com algum vicio.  Há recaídas, períodos de abstinência , raiva e tantas outras fases. Todas fazem parte e são importantes de serem vividas, não pule estas fases. Mas evite reencontros.

 Seja qual for. Complicado terminar de uma vez só. Acabar um relacionamento não é como tirar um band-aid.  Por mais que possa se tirar rápido, a cicatriz continua ali. Vai continuar  e te visitar muitas e muitas vezes. Por que? Porque somos os amores que vivemos sejam eles duradouros ou efêmeros.  Fazem parte da gente e  formam o que somos. Nem todas os machucados precisam ser ruins, eles também trazem aprendizados.  Talvez a gente só esteja preparado para entender o seu significado com o tempo.

Se ainda sinto saudade? Com certeza.  Esquecer alguém não é um processo rápido e nem fácil. Tem dias que me pego tendo saudade das cosias mais bobas. O sorriso dele se desmanchando ao encontro do meu. As mensagens de bom dia. Uma música. Um lugar.  Pequenos e grandes vestígios de uma história que precisa ficar no passado. Há certas páginas da vida que por mais saudade , precisam serem rasgadas. Por que?  Um amor com prazo de validade vencido. Repleto de mágoas, ressentimentos, rugas não merece o seu tempo. Pelo menos não agora. Por quê? É  precisamos ir para nos aprender de novo. Precisamos nos reconhecer sem o outro. Caminhar por um tempo sozinhos para poder nos refazer.  Reconstruir.


Por mais que haja uma pontinha querendo voltar.  É preciso deixar  ir para poder reconstruir. Não tenha medo da saudade. Ela faz parte é uma forma de amor.  É sinal que você viveu. Se doou. Ainda se importa. Só não se afogue nela sem estar em alto-mar. Enquanto isso a vida segue e há outros sorrisos bobos esperando para serem desmanchados ao encontro do seu.

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