Primeiro Texto 2017: Milgalhas

Migalhas




  Você matou os meus sentimentos.  Não foi em legítima defesa. Foi por orgulho.  Pura maldade. Um coração egoísta capaz de compreender a palavra . Nós.

   Enquanto assistia ao massacre de qualquer esperança de ter você de volta. Fui embora.  Antes que enlouqueça. Sair de perto.  Me afastar de qualquer vestígio que pudesse sentir. Saudade.  De casa.  De como eu gostava da minha versão ao seu lado. De casa. De tudo que perdi por levar  os meus instintos mais bestas e carnais para passear.

  Recebo em troca.  Silêncio. Você acha que bloquear lembranças é a melhor forma de fugir do passado.  O que recebe em troca. Insônia. Noites em claro. Remédios para dormir.  A cabeça insiste em tentar esquecer tudo o que  faz o coração pulsar. É  o  meu rosto que você enxerga quando adormece. É a nossa risada rindo junta  que te desperta.  Infinitas lembranças que nos assombram.

  Nos impendem de seguir em frente. Embarcar em um novo romance. Se deixar levar nem que seja por um amor de verão.  Estamos presos. Mesmo distantes. Parece que nada  muda por aqui. Desde a sua partida. Todos os dias parecem finais de domingo. Tédio.  Buscar os mesmos esconderijos.  Tentar esquecer em uma garrafa de vinho.  Matar as esperanças em um passatempo qualquer.  Tentativas em vão. Esquecer um grande amor leva tempo . Pode levar uma existência inteira.

  Mas você continua aí. Matando os meus sentimentos sem ser atacado.   Não é legitima defesa.  É por você mesmo. Pelo efeito  causado. Amor deixado na mesa. Palavras malditas.  Noites insones.  O  que nos tornamos.  Estranhos. O que poderia ter sido. Pelo que foi vivido.  O que  deixou de ser. Somos o que deixamos de ser.  Produto de um amor falido. Close para o fim.


  O que resta.  Saudade. Vontade louca de mim mesma.   Mente inquieta.  Cafeína.  Tardes de domingo.  Migalhas. 

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