Migalhas
Você matou os meus sentimentos. Não foi em legítima defesa. Foi por
orgulho. Pura maldade. Um coração
egoísta capaz de compreender a palavra . Nós.
Enquanto assistia ao massacre de qualquer esperança de ter
você de volta. Fui embora. Antes que enlouqueça.
Sair de perto. Me afastar de qualquer vestígio
que pudesse sentir. Saudade. De casa. De como eu gostava da minha versão ao seu
lado. De casa. De tudo que perdi por levar os meus instintos mais bestas e carnais para
passear.
Recebo em troca.
Silêncio. Você acha que bloquear lembranças é a melhor forma de fugir do
passado. O que recebe em troca. Insônia.
Noites em claro. Remédios para dormir. A
cabeça insiste em tentar esquecer tudo o que faz o coração pulsar. É o meu
rosto que você enxerga quando adormece. É a nossa risada rindo junta que te desperta. Infinitas lembranças que nos assombram.
Nos impendem de seguir em frente. Embarcar em um novo
romance. Se deixar levar nem que seja por um amor de verão. Estamos presos. Mesmo distantes. Parece que
nada muda por aqui. Desde a sua partida.
Todos os dias parecem finais de domingo. Tédio.
Buscar os mesmos esconderijos. Tentar
esquecer em uma garrafa de vinho. Matar as
esperanças em um passatempo qualquer. Tentativas
em vão. Esquecer um grande amor leva tempo . Pode levar uma existência inteira.
Mas você continua aí. Matando os meus sentimentos sem ser
atacado. Não é legitima defesa. É por você mesmo. Pelo efeito causado. Amor deixado na mesa. Palavras
malditas. Noites insones. O que nos tornamos. Estranhos. O que poderia ter sido. Pelo que
foi vivido. O que deixou de ser. Somos o que deixamos de
ser. Produto de um amor falido. Close
para o fim.
O que resta. Saudade.
Vontade louca de mim mesma. Mente
inquieta. Cafeína. Tardes de domingo. Migalhas.
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