Crônica: Legados Musicais

Olá,

Para quem acompanha o blog sabe que tenho dado vazão ao projeto Diários de Bluu. Mas, para quem já estava com saudades das crônicas. Não se preocupe aqui tem espaço para tudo. Agora com o feriado de Carnaval vou ter bastante para os blogs em dia.  Vamos conferir a nova crônica?

Legados Musicais 



Somos as músicas que escutamos. Os lugares por onde passeamos. As viagens que fizemos. As pessoas que encontramos. Os amores que construímos. Os sentimentos que tecemos. As escolhas que fazemos. Os livros que lemos. Os filmes que assistimos. As comidas que degustamos. Tudo que fazemos perpassa pelo órgãos  dos sentidos a fim de aos pouquinho  possamos formar legados.

Um dos maiores que carrego é o que construí ao lado do meu pai. Desde muito pequena o gosto musical dele me enchia de orgulho e curiosidade. Queria devorar as caixinhas de vinil e também as de CD. Saber tudo a respeito dos artistas, suas letras.s Sempre fascinada pela forma como os artistas compõem. Muito mais do que as melodias, amante de boas letras. Com isso, desde muito pequena ao lado do meu pai meus ouvidos foram inundados por Caetano, Chico Buarque. Gal Costa, Ney Matogrosso entre tantos outros tesouros da música nacional, principalmente M.P.B. Mas havia um ritmo em especial pelo qual todos os meus sentidos ficariam aguçados para sempre.

O que realmente me fascinava eram os acordes da guitarra. O fundo de um solo de baixo, acompanhado por uma frenética bateria. O rock me escolheu, acredito que todos nós temos um ritmo musical que nos escolhe. Se pudesse escolher um fundo musical para alma seria uma mistura  de folk de Neil Jung com uma pegada frenética de AC/DC.  Herdei um legado musical próprio que curte metal, guitarras afiadas, letras pesadas e um pouco politicas. Meu pai me ensinou a respeitar Beatles, a entender a magnitude do Dire Stratis. Acredito que ele tenha dado elegância e compressão histórica para que possa eleger as bandas e artistas favoritas não só pela popularidade, sim pelo seu papel social. Aprendi  que uma banda é boa quando perpassa a história, imprime seu papel na sociedade e se torna atemporal.

A medida que o tempo passou um legado musical foi construído em conjunto.  Seis de novembro de 2008. Um sonho se realizou. Uma das bandas atemporais destas que fazem a gente se arrepiar mesmo que tenha escutado a canção infinitas vezes. O tipo de melodia que acolhe a alma.   Letras que  fazem que a gente não se sentir mais um na multidão. Um pouco de política. Um pouco de melancolia.  Ritmo autêntico.  Letras fortes e essenciais,.Naquele show me senti plena.  Um dos raros momentos da existência que nos  sentimos tocando a eternidade.  Os sentimentos que vivi durante aquele espetáculo estão vividos na minha memória. Ao lado do meu pai o mundo estava completo.   A nossa paixão em comum? O R.E.M.  Nosso legado musical conjunto.

Anos depois tive a oportunidade de vivenciar a presença de outro ídolo meu, Ozzy Ousbourne. Não foi a mesma sensação. Já que não estava compartilhado ao  lado quem  amo. Poder experimentar um show ao lado do seu herói, é o que tornou tudo especial. Dos shows que vi, das performances que presenciei,sempre me lembrarei dos sentimentos compartilhados ao lado do meu pai.

A vida se torna mais leve, colorida e crocante se temos alguém para vivenciar  legados seja eles quais forem.

Obrigada ao meu pai  Volnei Dalmas por tecer meu legado musical humano e de caráter.

Nenhum comentário:

Postar um comentário