Somos um emaranhados
de cicatrizes. As fases duras da vida
são como pequenos infernos. Provocações que desafiam a sanidade. Um pé no abismo e outro no chão. A mente tenta
esquecer o que o corpo grita. Viver é mais do que suportar é poder transcender
nas crises.
Cicatrizes farão
parte. Dos joelhos da infância aos amores platônicos da adolescência. Do primeiro
beijo ao coração partido. Da primeira decepção ao mar de ressentimentos. Do primeiro amor à separação. Dos amigos à solidão. Das conversas olhos nos olhos à mensagens
virtuais. Viver é inevitável, mas
existir é essencial. Cada fase que passamos perpassa por um emaranhado de
cicatrizes, arranhões externos e internos.
Diria que as
cicatrizes internas são mais densas e talvez mais complexas do que as físicas. Corações partidos. Encontros e desencontros. Ressentimentos.
Lutos. Brigas desnecessárias. Monstros
mentais. Fantasmas do passado. Passamos tanto
tempo tentando esconder nossas cicatrizes ao invés de assumir. Afinal é por
elas que estamos aqui. Que nos tornamos fortes.
Temos motivos para continuar a lutar. Diria que mais perigosas do que as cicatrizes provocadas pelos outros, são as que nós mesmos provocamos com a
gente.
A nossa falta de amor
próprio. A mania de nos deixar de lado. A falta de auto estima. As pressões
para nos tornamos perfeitos. O medo de falhar. As inseguranças que crescem como
erva daninhas. A falta de tempo. O hábito
de complicar as coisas simples. Nos machucamos. Nos colocamos de lado. E quando
nos dermos conta. Envelhecemos. Ranzinzas.
Pessimistas. Ansiosos. E o que sobrará
no final? Uma versão repleta de vazios do
que gostáramos de ser e não fomos. Uma coleção de sonhos desperdiçados por
medo. Uma existência calcada em apenas viver.
E no final estaremos sozinhos e repletos de hematomas.
Cicatrizes. Histórias.
Deslizes farão parte. Aprender assumir os próprios pecados é sabedoria. Parar
de esconder ou ficar evitando viver por medo de se machucar de novo é hipocrisia.
Viver é ter
consciência em ter coragem. Força para
saber que não apenas se vive, mas
existe. E no centro da sua própria engrenagem inventa formas de resistir e
lutar contra o que oprime. Quem conseguir
não vacilar mesmo derrotado. Quem mesmo perdido encontra um sentido, uma saída.
Mesmo envolto em tempestades, cicatrizes carrega um sorriso carregado de
esquinas.
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