Charlie Chaplin e Amélie Poulain


Charlie Chaplin e Amélie Poulain



Sai da casa dos meus pais em janeiro. Rumo a minha independência e liberdade.  Muitas pessoas quando se mudam pensam em adquirir bens materiais como uma super cama confortável. Uma geladeira que produz gelo. Uma TV tão grande e colorida que é quase capaz de abraçar.  Não sou ligada em coisas assim, tinha um único desejo. Poder finalmente depois de 28 anos de espera ansiosa. Depois de adotar todos os cães, gatos, passarinhos da rua e ser quase confunda com Noé, poderia enfim ter os meus próprios bichinhos.

Acredito que cada um de nós tem um tipo de animal preferido.  Acho que isso tudo tem haver com personalidade. Por isso, sempre apreciei e respeitei os gatos. Pelo seu carinho autêntico que vem quando estou a fim e assim se torna espontâneo. Pela sua independência e capacidade de ficarem sós r gozarem da sua solidão. Pela sua destreza e agilidade em escalas, subir pelos móveis e fazer peripécias. Pela história da humanidade que os já cultivou como divindades no Egito antigo. Pela sua inteligência em usarem apenas um espaço para fazerem suas necessidades, usando apenas uma caixa de areia. Enfim poderia ficar listando muitas qualidades das quais tenho afeição e também me identifico com os gatos. Gosto da minha solidão.  Prezo pela liberdade e independência. Demonstro afeto quando me sinto confortável e com pessoas que realmente confio.
Por meio de tudo isso, resolvi que estava na hora quer dizer já tinha passado da hora de ter os meus próprios bichinhos.

Sou terminantemente contra a compra de animais de estimação. Adoção é um ato de amor incondicional. Lá vem a história da adoção


Adoção do Charles Chaplin


Como muitos sabem além de escritora, sou psicóloga psicoterapeuta clínica.  E em um destes meus atendimentos, uma paciente minha disse que havia uma ninhada de gatos na casa dela a espera de adoção. Quando vi a foto de um gato preto e branco, com olhos verdes azulados, cavanhaque preto e o nariz preto e branco, meu coração disparou e eu sabia que ele seria o escolhido. Até então o que sabíamos era que se tratava de uma gatinha, por mais que pudesse mesmo ser uma fêmea,  era a cara do Charles Chaplin. Tinha a cor dos olhos, aquele cavanhaque que remetia a ele e tinha uma cara muito carismática.
No dia que fui buscar, parece que tudo conspirava contra, todos os aplicativos de carro que eu pedia cancelaram. Fazendo a minha ansiedade aumentar cada vez mais.  Quando finalmente cheguei ao meu destino lá estava Charles Chaplin me olhando como se soubesse que tinha sido escolhido. Ele era pequeno, mas fofo como uma almofada. Tive que o colocar na caixa de transporte e acho que fui responsável pelo seu primeiro trauma. Ele miou o trajeto todo dentro da caixinha, onde a cada curva sacolejava  um pouco mas.. Sem entender nenhum pouco, nem tinha percebido que ele estava tomado por pulgas. Depois de algumas lições que aprendi com uma paciente minha fui me dando conta de várias coisas. O que demorou mais para me dar conta é que por semanas ficamos achando que era a Charlie Chaplin. Só depois de algumas semanas, algumas idas ao veterinário, algumas especulações de amigos nos demos conta que na realidade era o Charlie Chaplin mesmo. O temperamento dele é bem agitado, porém muito amoroso. Gosta de carinho, pede por atenção, gosta de deitar ao lado na cama, ronrona alto e sempre espera ao lado da perna quando volto para casa.

A segunda adoção veio quatro dias depois. Na realidade era para chegarem os dois juntos, mas ela era menor e teve uma história bem complicada.  Com o contato de uma protetora de animais, me deparei com a foto de uma gatinha de olhos saltados esverdeados, pelo cinza com algumas partes brancas. Me apaixonei de cara pela carinha assustada como se estivesse dizendo que queria ser levada para casa. Coloquei o nome dela em homenagem  a um dos filmes que mais gosto que é O Fantástico Destino de Amélie Poulain. E assim a Amélie Poulain de olhos arregalados, temperamento dócil, porém assustado. Comportamento menos agitado, porém brincalhona, o seu hobbie preferido é ficar escalando aa coisas e as pessoas.

Costumo dizer que as gatos são como antidepressivos.  Eles tornam o meu cotidiano mais divertido, colorido e alegre. Com eles sempre é um bom motivo retornar para casa já sabendo que estarão na porta ronronando alto. Adote por amor, mas cuide de forma respeitosa e afetuosa. Todos os bichinhos sejam eles gatos, cachorros, tartarugas ou que for devem ser em primeiro lugar amados.

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